Manchete de jornal do sábado, 16 de julho de 1988, do Jornal O Diário do Pará. |
Fez sua ultima viagem, na noite de sexta. Por volta das 22 horas, disseram os jornais da época, o grande barco saia da orla, e com número maior que o permitido, cerca de 23 horas, Correio do Arari afundou.
Nota de pesar da Prefeitura de Cachoeira do Arari |
As primeiras informações davam conta de que morreram aproximadamente 30 pessoas. Dos 100 passageiros - dois quais apenas 60 eram permitidos - 53 sobreviventes foram salvos através do barco Ribeiro 10, E 16 por meio do barco Amapá.
Ainda segundo relatos, o Correio do Arari, atrasou sua partida por ter que embarcar 100 sacas de cimentos a mando do prefeito de Cachoeira, Edir Neves.
Ao navegar pelas águas do Guajará, o comandante foi avisado através de sinais que o barco estava encalhado mas não deu atenção por estar ciente do grande número de passageiros, segundo testemunhos, pensando ser uma patrulha da capitania dos portos. E de uma vez só, o barco virou de lado, após o chocar-se contra um navio abandonado no "cemitério de navios" em frente a Ilha das Onça,s por onde passava.
Sobreviventes afirmaram que o desespero foi total. Parte dos passageiros dormiam no momento da batida. Mas a ajuda veio por canoas e barcos. As embarcações que passavam próximo ao local do naufrágio paravam para ajudar. Apesar disto, logo apareceram as primeiras vítimas.
Com a chegada do Corpo de Bombeiros foi verificado que conforme o barco afundava, muitos se jogavam dele e outros que permaneceram e não puderam ser resgatados, se encontravam dentro do barco no fundo da Baía, eram dezenas de pessoas não identificadas.
Lista do dia 18 de julho de 1988 com sobreviventes e vítimas do Naufrágio do Correio do Arari |
No dia seguinte, o Guincho Rio Branco da Capitania dos Portos seguiu para o local do naufrágio para retirar o barco dali. Ainda havia muitas vítimas não encontradas, os resgatados com vida foram poucos. O inquérito foi aberto.
Os corpos que chegavam do fundo do rio, eram mantidos na "escadinha dos 15", onde hoje é a escada da Estação das Docas. Antes de irem ao IML Renato Chaves. Sem identificação, era onde os parentes de passageiros ainda desaparecidos iam para tentar identificar os náufragos.
29 anos depois, o grande acidente que ceifou a vida de passageiros e tripulantes ainda choca e é lembrado pela população. As ultimas informações sobre o caso, em 2004 a Justiça determinou o pagamento de indenização de quase R$ 700 mil às famílias de apenas duas vítimas - Raimundo Ferreira Campos e Marco Antônio Paraense do Espírito Santo.
Conforme pesquisa do Blog Sociedade Paraense, que também falou deste triste episódio da história paraense, a alegação é de que o barco pertencia à administração municipal e houve negligência por parte do comandante da embarcação, que também morreu no naufrágio.
Se você tiver mais informações acerca do tema, deixe nos comentários.
Texto: Daniele Nogueira
Imagens: Jornal Diário do Pará, 1988.