Teatro Providência

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A Surpreendente e Desconhecida história de um teatro que resistiu a incêndios e dominava a cena cultural de Belém na primeira metade do século XIX, quando o Teatro Nossa Senhora da Paz era ainda uma promessa política para uma elite ávida por cultura, espetáculos e lazer, a exemplo do que acontecia na capital do império brasileiro. Um Teatro tímido na principal Largo/Praça dessa Belém pós-Cabanagem. Uma história que você nem desconfiava que tivesse existido.

Para suprir a ausência de um teatro oficial, a administração da Província arrendava teatrinhos particulares. Esse era o caso do Providência, improvisado em um casarão no largo das Mercês.
Para o deleite da plateia, empresários recebiam subvenções do governo e promoviam temporadas de companhias nacionais e portuguesas. Esse panorama sucinto mostra a importância da atividade artística no Grão-Pará, uma tradição surgida com o teatro jesuítico do século XVII.

Mas o velho Teatro Providência, em 1872, ardera quase todo em chamas. Recomposto superficial e sumariamente, o teatrinho ainda por vários anos receberia troupes de fora e grupos locais, sendo ali como que a germinação de um futuro teatro paraense, apresentando o colorido de grupos pastoris, recitais de poesias, concertos do clubes Mazart, Verdi e Sociedades Musicais, enquanto a lenta burocracia não entregava ao povo o novo “Theatro Nossa Senhora da Paz”.

Os espectadores, que eram os cidadãos mais abastados da Província, nas noites de espetáculo acorriam ao pequeno prédio de madeira, levando seus criados, uns a clarear as ruas do percurso com archotes, outros a carregar cadeiras e bilhas com água para que seus senhores pudessem aplaudir o que iria acontecer no palco tosco, á luz de lampiões de óleo de andiroba.
A lágrima e riso se alternavam nos dramas e farsas, juntamente com o boquiaberto espanto ante a representações circenses de contorcionismo de malabaristas e truques de engole-fogo. As óperas Trovador, Rigoletto, Macbeth de Verdi e Barbeiro de Servilhai de Rossini eram apresentadas de maneira adaptadas às condições da casa. Essa era o menu que o Teatro Providência apresentava, sacudindo a quietude de uma população ainda sem gosto artístico definido.

Uma história que marcou a vida cotidiana de Belém até 15 de Fevereiro de 1878, quando em noite de gala foi inaugurado o “Theatro Nossa Senhora da Paz”, decretando o nobre Providência ao esquecimento quase absoluto. O recorte com a programação do Providência é do jornal Gazeta Official de 1858. As fotos, da década de 1870, do século XIX

Fonte: Página Belém Antiga

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