Outro dia eu estava no Instagram e vi a conta de um rapaz que eu seguia, em que ele ao andar por Belém, postava fotos de lugares com pequenas histórias, contando o que havia acontecido ali um dia. Gostei e entrei em contato com ele para escrever algo assim para nós aqui no Blog Belém Époque. E esse é o relato que vocês lerão a seguir:
Me chamo Leonardo, tenho 27 e
sou aluno do curso de Turismo da UFPA. Sempre fui curioso com a história dessa
cidade, que é incrível, isso é indiscutível, entretanto é uma pena que muitas
vezes nós não tenhamos informações ou fácil acesso a espaços que foram importantes no decorrer
da construção da nossa memória, e o turismo me proporciona conhecer lugares que
talvez não tivesse a oportunidade de visitar antes, como no caso do Palacete
Bolonha e do Cemitério da Soledade, já que ambos precisam de autorizações
especiais para a visita monitorada. Contudo, é um prazer poder compartilhar
aqui algumas imagens e informações que adquiri nas andanças por essa terra.
Gostaria de começar falando
sobre o Palacete Bolonha, que fica ali na José Malcher, e tem uma história
linda. Esse Palacete também é conhecido como o Taj Mahal paraense, devido a
história de amor que originou a sua construção. Francisco Bolonha queria que
sua esposa, a carioca Alice Tem-Brink viesse morar aqui na capital, e para isso
prometeu que construiria um lugar com tudo que havia de melhor, mais caro e
mais moderno para a época, e assim o fez, o casal morou na residência até o falecimento
de Francisco, após isso Alice vendeu o casarão, toda a mobília e mudou-se para
fora do país
O Palacete tem quatro
andares e foi construído em 1905
Sua esposa era
pianista, então foi construída e uma sala para que ela pudesse realizar seus concertos
e ainda dar aulas de piano para jovens da alta sociedade paraense.
Detalhes em estilo Art Noveau
predominam
Ninfas da
Ninfas da música e anjos também decoram o ambiente
Sala de reuniões de
Francisco Bolonha
Esse era o quarto de vestir da Alice, já no segundo andar |
O teto é em formato de escama, colabora com a beleza do lugar |
Um outro lugar repleto de curiosidades, porém pouco conhecido
em nossa cidade é o Cemitério da Soledade, fundado em 1850 devido a uma epidemia de febre amarela que assolava a
população, e até então as pessoas da elite eram enterradas nas igrejas e os
pobres e escravos no Largo da Campina. Há relatos que até nas proximidades do
que hoje é a Praça da Republica ainda eram enterradas pessoas, porém sem
qualquer tipo de autorização ou identificação. Com a construção do novo
cemitério todos os sepultamentos passaram a ocorrer no Soledade, mas não por
muito tempo, ele foi fechado oficialmente para enterros em 1880, recebendo até aquele momento, aproximadamente 30 mil mortos, de todas as classes sociais.
Entretanto, os túmulos daqueles que pertenciam a elite e
tinham posses ficavam localizados nas áreas mais nobres do cemitério, próximo a
capela e da entrada, eram repletos de ornamentos, estátuas e esculturas,
geralmente feitos de mármore e cheios de significados, como a
serpente que quando esculpida engolindo a si própria, denota a eternidade,
o manto sobre os
objetos refere-se à tristeza que os envolveu e o vaso que simboliza,
quando vazio, o corpo separado da alma e, coberto com um manto, refere-se à
tristeza que o cobriu. em outros túmulos foram atribuídos cultos a seus sepultados,
o que fez do espaço do soledade um local de visitação e uma espécie de museu a
céu aberto, nas imagens a baixo nós podemos ver melhor todas essas informações.
Entrada do cemitério, os túmulos dos nobres e ricos ficavam
em destaque
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Detalhe para o brasão, onde se observa uma
âncora, símbolo
relacionado
à patente militar do proprietário do túmulo.
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Jazigo de nobres, Primeiro Barão e Visconde de Arari |
Aqui a representação da mulher que chora e o vaso coberto |
O Jazigo ao fundo todo feito com mármore e em estilo neoclássico |
Tumulo de José, sempre alvo de manifestações |
Essas esculturas dos gêmeos foram trazidas da Europa |
Esses
são dois exemplos de espaços da nossa cidade carregados de significados, mas
que infelizmente não contam com facilitamento para visitas, mas ainda sim
existem vários outros locais da nossa capital que merecem nossa atenção e um
pouquinho do nosso tempo, como os palacetes, os casarões antigos, os solares,
as igrejas, todos encantadores de igual forma. E fica aqui o convite pra
mergulharmos juntos nesse rio de cultura que circunda nossas vidas na nossa
amada Belém.