Palacete Bolonha e Cemitério da Soledade

11:17

Olá, 

Outro dia eu estava no Instagram e vi a conta de um rapaz que eu seguia, em que ele ao andar por Belém, postava fotos de lugares com pequenas histórias, contando o que havia acontecido ali um dia. Gostei e entrei em contato com ele para escrever algo assim para nós aqui no Blog Belém Époque. E esse é o relato que vocês lerão a seguir:



Me chamo Leonardo, tenho 27 e sou aluno do curso de Turismo da UFPA. Sempre fui curioso com a história dessa cidade, que é incrível, isso é indiscutível, entretanto é uma pena que muitas vezes nós não tenhamos informações ou fácil acesso  a espaços que foram importantes no decorrer da construção da nossa memória, e o turismo me proporciona conhecer lugares que talvez não tivesse a oportunidade de visitar antes, como no caso do Palacete Bolonha e do Cemitério da Soledade, já que ambos precisam de autorizações especiais para a visita monitorada. Contudo, é um prazer poder compartilhar aqui algumas imagens e informações que adquiri nas andanças por essa terra.
Gostaria de começar falando sobre o Palacete Bolonha, que fica ali na José Malcher, e tem uma história linda. Esse Palacete também é conhecido como o Taj Mahal paraense, devido a história de amor que originou a sua construção. Francisco Bolonha queria que sua esposa, a carioca Alice Tem-Brink viesse morar aqui na capital, e para isso prometeu que construiria um lugar com tudo que havia de melhor, mais caro e mais moderno para a época, e assim o fez, o casal morou na residência até o falecimento de Francisco, após isso Alice vendeu o casarão, toda a mobília e mudou-se para fora do país

 O Palacete tem quatro andares e foi construído em 1905



Sua esposa era pianista, então foi construída e uma sala para que ela pudesse realizar seus concertos e ainda dar aulas de piano para jovens da alta sociedade paraense.

     
           Detalhes em estilo Art Noveau predominam                



Ninfas da
                                           Ninfas da música e anjos também decoram o ambiente

          
                     
Sala de reuniões de Francisco Bolonha          


Escada feita toda de ferro inglês


Esse era o quarto de vestir da Alice, já no segundo andar
O teto é em formato de escama, colabora com a beleza do lugar
                          


Um outro lugar repleto de curiosidades, porém pouco conhecido em nossa cidade é o Cemitério da Soledade, fundado em 1850 devido a uma epidemia de febre amarela que assolava a população, e até então as pessoas da elite eram enterradas nas igrejas e os pobres e escravos no Largo da Campina. Há relatos que até nas proximidades do que hoje é a Praça da Republica ainda eram enterradas pessoas, porém sem qualquer tipo de autorização ou identificação. Com a construção do novo cemitério todos os sepultamentos passaram a ocorrer no Soledade, mas não por muito tempo, ele foi fechado oficialmente para enterros em 1880, recebendo até aquele momento, aproximadamente 30 mil mortos, de todas as classes sociais.
Entretanto, os túmulos daqueles que pertenciam a elite e tinham posses ficavam localizados nas áreas mais nobres do cemitério, próximo a capela e da entrada, eram repletos de ornamentos, estátuas e esculturas, geralmente feitos de mármore e cheios de significados, como a serpente que quando esculpida engolindo a si própria, denota a eternidade, o manto sobre os objetos refere-se à tristeza que os envolveu e o vaso que simboliza, quando vazio, o corpo separado da alma e, coberto com um manto, refere-se à tristeza que o cobriu. em outros túmulos foram atribuídos cultos a seus sepultados, o que fez do espaço do soledade um local de visitação e uma espécie de museu a céu aberto, nas imagens a baixo nós podemos ver melhor todas essas informações.

Entrada do cemitério, os túmulos dos nobres e ricos ficavam em destaque

Detalhe para o brasão, onde se observa uma âncora, símbolo 
relacionado à patente militar do proprietário do túmulo.

Jazigo de nobres, Primeiro Barão e Visconde de Arari

Aqui a representação da mulher que chora e o vaso coberto
O Jazigo ao fundo todo feito com mármore e em estilo neoclássico

Tumulo de José, sempre alvo de manifestações
Essas esculturas dos gêmeos foram trazidas da Europa

Esses são dois exemplos de espaços da nossa cidade carregados de significados, mas que infelizmente não contam com facilitamento para visitas, mas ainda sim existem vários outros locais da nossa capital que merecem nossa atenção e um pouquinho do nosso tempo, como os palacetes, os casarões antigos, os solares, as igrejas, todos encantadores de igual forma. E fica aqui o convite pra mergulharmos juntos nesse rio de cultura que circunda nossas vidas na nossa amada Belém.

Talvez você também goste de ler:

3 comentários

  1. Fiquei mega feliz em ler esse texto aqui!
    O Léo tem aprendido e nos ensinado muito também no que diz respeito à nossa Belém e suas riquezas históricas. Sem contar as fotos que ele faz, haha.
    Parabéns pelo texto e por todo o teu conhecimento adquirido, meu amigooo \o
    E que a nossa cidade e nosso estado como um todo sejam ainda mais valorizados !

    ResponderExcluir
  2. O leu é um menino de ouro, sempre muito preocupado em mostrar um pouco dos lugares por onde passamos para que a riqueza da nossa amada Belém não se perca.
    Meu excelentíssimo obrigado por chama-lo para escrever no blog. Desculpe a modéstia, mas uma futura parceria seria um bom negócio.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amei!!! Muito bom conhecer mais sobre as relíquias de Belém, que inclusive muitas vezes é esquecida por nós. Melhor ainda é ter pessoas como você Léo, além de ser um ótimo amigo é um ótimo fotógrafo e sabe contar histórias como ninguém. 👏😍

      Excluir