QUANDO O MURO DO FORTE FOI COMPARADO AO MURO DE BERLIM

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 Desde 1616 quando foi erguido o Forte do Presépio, até 1962 ao ser tombado pelo Instituto de Patrimônio histórico e Artístico nacional, detêm em sua história vários relatos interessantes. Dentre eles, o de quando o Forte do Castelo foi comparado ao Muro de Berlim, acerca de sua manutenção, originando opiniões diferentes por toda a cidade.


Erguido num espaço histórico dotado de grande representação simbólica, o Forte está localizado próximo a Catedral da Sé, Complexo de Santo Alexandre e Hospital Militar (Atual Casa das Onze janelas). Em 1850, o governo provincial de Jerônimo Francisco Coelho registrou o desprezo, abandono e comprometimento estrutural da fortificação com a erosão de sua base exigindo intervenções de envergadura.

Mandando assim, executar a construção de um novo portão e uma ponte sobre o fosso, além de obras paralelas e outras pequenas intervenções. Distanciando do projeto histórico em que estava plantada. Sobretudo, pela elevação do paredão frontal à fortaleza, e um portão rasgado na pedra estabeleceram um conflito profundo com as linhas arquitetônicas dominantes no entorno do forte – onde predominam as linhas da arquitetura setecentistas.
O Projeto Feliz Lusitânia, trouxe transformações a esta estrutura, “estamos propondo o rebaixamento de arte do muro, conservando totalmente o pórtico de entrada para integrar a fortaleza na visão da praça e abrir uma janela da praça para o rio.” era a proposta do projeto que previa a retirada do muro que não preservava os aspectos originais do local.

Porém, tal modificação comoveu a cidade, gerando burburinho e tendo destaque até na impressa, conforme o artigo de opinião do jornalista Cláudio de La Roque Leal. Ele citou: “questiona-se a manutenção obtusa de um muro que distinto do que se verificou nas duas Alemanhas, quando na queda do Muro de Berlim, não foi por um segundo sequer questionada a manutenção do mesmo, havendo muito mais propriedade, no caso da Alemanha, por se tratar de uma deliberação histórica da maior importância dentro do humanismo mundial. O fato de derrubar-se o chamado muro da vergonha denota a preocupação moderna e inteligente da união dos povos e preservação da principal função do ser humano que é ser essencialmente livre e puramente humano, fato que o “Feliz Lusitânia” visa quando tenta devolver ao paraense a visão do rio e contradizer as sábias palavras do poeta Ruy Barata que disse certa vez que o paraense mostrava-se burro quando dava as costas ao rio. Então porque manter essa condição tacanha e esquecer a paisagem, até então inútil, e principalmente a jóia arquitetônica que se tem atrás de um muro nada artístico nem original, e cujo vestígio que fica é mais generoso para com sua praticidade e/ou finalidade.” 


No final das contas, o muro foi retirado dando espaço e abrindo a visão do visitante. Antes, ele envolvia toda a área externa do Forte e agora, apenas parte dele resiste, com poucos vestígios de que foi um alto muro. 




TEXTO: Daniele Nogueira

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