Histórias do Cemitério São Jorge - A Casinha de vidro
14:25Conhecido no bairro, sempre envolto de muitas histórias tristes e algumas até curiosas, o Cemitério São Jorge do bairro da Marambaia faz e fez parte da vida de muitos moradores do bairro.
Sendo eu uma dessas pessoas, resolvi compartilhar com vocês algumas histórias que me contaram quando eu era criança e que por tantos anos ficaram em minha mente sobre momentos nada legais mas que povoaram as rodas de conversas e a memória dos moradores da Marambaia.
GOOGLE IMAGENS - Cemitério São Jorge - Casa de vidro | 2017 |
Uma das histórias que me contaram enquanto eu andava pela calçada em frente ao cemitério, em uma das muitas vezes que ia até a feira da Tavares Bastos, foi a história do Casinha de Vidro do Cemitério São Jorge.
Uma pequena proteção de vidro que cobria uma lápide azul que sempre abrigava brinquedos e fotos. Por ser curiosa, uma vez minha mãe resolveu contar a história que ela ouviu quando tinha seus 15 anos sobre aquela casinha e depois de muitos anos eu consegui acompanhar a história inteira por meio de pesquisas.
HEMEROTECA DIGITAL - Jornal O Liberal - Edição 22353 - 02 de julho de 1989. Caderno Cidades, p. 11. |
Quem me contou a história em detalhes foi o Jornal O Liberal, na data de 02 de julho de 1989. Dizia a matéria: "Um homem espera a morte à beira de uma sepultura"
Os pequenos Marivaldo, de 8 anos e Marinaldo de 10 anos estavam doentes, em casa, e o pai foi dar mais uma vez a dose do remédio, só que infelizmente, ao invés do xarope receitado pelo médico, o senhor Raimundo Borges, confundiu, pelas embalagens parecidas, com um produto quimico para matar ervas daninhas, que ele tinha em casa por ser jardineiro.
Uma colher a cada e um o destino dos garotos foi o pior. "Eu custei a chamar a vizinhança enquanto meus filhos agonizavam, esperando a ajuda de Deus." o pai, conhecido como Seu Borges disse à reportagem.
Nos anos seguintes, ao triste acontecimento, que ocorreu no dia 8 de novembro de 1980, Borges fez do tumulo dos seus filhos sua segunda casa. Diariamente ele cuidava da pequena capela que mandou erigir sobre o túmulo. A decorou com brinquedos, flores e fotografias dos dois meninos. Até o anoitecer este era seu trabalho, e na matéria do Jornal O Liberal, Borges relata que espera pela morte, devido o seu sofrimento. E deixou um pedido "Em primeiro lugar quero pedir para todos que vierem neste local que venham com respeito e humanidade, pois este é um local de grande sentimento."
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Beijos e até a próxima.
Daniele Nogueira
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