"Daqui em 1976, acenei pra você." - A origem do Solar da Beira

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"Foi nas margens do Igarapé do Piri, que se estabeleceu o ponto de chegada e saída dos barcos e navios que navegavam pela região. Foi deste porto que Pedro Teixeira, em 1637, ampliou os limites da dominação portuguesa com a viagem ao Perú. Em 1687, o governador Francisco Coelho de Carvalho pediu ao Rei a concessão do tributo de Ver-o-Peso, dado um ano depois por Provisão-Régia que criava o posto fiscal.
Dizia a ordem real: "por ser conveniente ao serviço de V. Magte. para que se não embarquem sem despacho as drogas que saem daquella Conquista, e se concedeu aos Officiaes da Câmara da ditta Capitania o rendimento do dito Ver-o-Peso para os usos necessarios della e bem público da Cidade".
O porto do Piri entrou para a "economia formal", passando a se chamar o "lugar de ver o peso". Em 1803, o Igarapé foi aterrado a mando do Conde dos Arcos Dom Marcos de Noronha. Não apenas mercadorias,as drogas do sertão e as primeiras levas de borracha, mas também os escravos, índios em negros que por ali chegavam eram tributados. Em 1839, o presidente da Província, Bernardo de Souza Franco, extinguiu a repartição do Ver-o-Peso, e transferiu a arrecadação para a Recebedoria Provincial, de onde se exportaram os primeiros carregamentos de borracha da Amazônia, e de onde saíram as sementes de seringueira levadas para a Malásia que provocaria o colapso da economia na região. É a Recebedoria de Rendas que esteve no atual Solar da Beira, no Conjunto do Ver-o-Peso.
Edifício construído em estilo neo clássico, tem na sua história, um pouco da razão de existir desta cidade. Se o dinheiro que entrava, por lá, a história seria diferente. Depois de algumas reformas a partir de 1985, esta feita por Almir Gabriel, o velho Solar nunca teve o valor devido reconhecido.
A própria reutilização com fins culturais e turísticos acabou sucumbindo. Sinal de que as políticas públicas de resgate dos espaços, precisa ser de governo, e não de políticos. Os próprios habitantes de Belém, com honrosas exceções, aos que promoveram a ocupação do Solar, denunciando o abandono e exigindo a reforma, parecem dar pouca importância."

FOTOGRAFIA POR DANIELE NOGUEIRA


Fontes: Iphan/PA./ UFPa/ Revista a Semana ( 21.11.1951) e Belém Antiga

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